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Ayrton Senna, 26 anos depois – Coluna da Isabel Reis

4 Minutos de leitura

  • Publicado: 25/04/2020
  • Atualizado: 25/04/2020 às 12:26
  • Por: Isabel Reis

Você lembra o que estava fazendo no dia 1º de maio de 1994? Era um domingo, eu tomava café da manhã na cama e via mais uma disputadíssima prova de Fórmula 1. Não era a melhor fase de Ayrton Senna, que queria a qualquer custo vencer o endiabrado Michael Schumacher. Para isso, não mediu esforços ou exageros, e toda uma nação assistiu petrificada ao acidente que levaria à morte de um dos maiores ídolos brasileiros de todos os tempos.

Ayrton Senna
Arte: Thomas Bento

Eu era casada com o jornalista Sergio Quintanilha, editor-chefe da Grid, da Editora Azul, na época, a única revista de automobilismo. Outro grande jornalista, e amigo, Jorge de Souza, era o diretor de redação do grupo de masculinas da Azul e, portanto, responsável pela Grid.

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Ainda de pijamas, sem nenhuma informação oficial sobre a morte de Senna, só restava falarmos com todos os contatos possíveis, ligar para os jornalistas internacionais que cobriam a área, ver se alguém sabia efetivamente se o nosso herói estava vivo. Não havia internet (ou havia algo que nada se parecia com a nossa de hoje) e o telefone era o meio mais rápido para se comunicar.

Jorge de Souza, já prevendo a notícia eminente da morte de Ayrton, ligou para Quintanilha e falou algo do tipo: “Quinta, não podemos esperar. Temos que preparar uma edição especial da Grid. Faremos dois finais e escolheremos qual usar, no último minuto. Um sobre Ayrton sobrevivendo e outro sobre Ayrton morto”.

Nem deu tempo de tirar os pijamas e já havia a certeza de que Ayrton não estava mais entre nós. Jorge ligou novamente: “Quinta, vai lá para o Dedoc (departamento de documentação, arquivos e fotos da Editora Abril) e pegue todo o material fotográfico importante que conseguir. Ah, e leve a Bel com você. Veja se ela pode vir ajudar, porque queremos colocar essa edição especial em bancas amanhã cedo”.

Corrida contra o tempo para selecionar as fotos

A Bel era eu. Apesar de cobrir automobilismo, naqueles últimos meses estava integralmente dedicada à revista Carro, no seu quarto número. Lágrimas à parte, fomos até o Dedoc procurar imagens com os melhores momentos de Ayrton Senna. Emocionante! Não sei como ganhamos forças, mas a revista precisaria estar fechada até às 22 hs daquele domingo.

De volta à redação da Grid (vale lembrar que a Editora Azul pertencia ao Grupo Abril, por isso tínhamos acesso ao banco de dados), já estávamos discutindo pautas, preparando textos, montando páginas, quando veio a ordem de um poderoso executivo da Abril: “Devolvam todas as fotos porque a revista Veja vai fazer um especial sobre a morte de Ayrton Senna”.

Um olhou para a cara do outro e a frase muda foi a mesma: “Nem fodendo!”. O material fotográfico era vasto. Mesmo assim, rapidamente, selecionamos as melhores fotos jamais vistas e todas reunidas em uma única edição. O que sobrou, foi entregue para um portador da Veja, que imaginava estar levando o pacote completo.

Às 22 hs a revista entrou em gráfica 

Ao longo daquele (longo) dia foram chegando mais informações, detalhes sobre o acidente, como poderia ter acontecido, a repercussão entre os pilotos, a comoção nacional e internacional. E a Grid, com a sua equipe de superespecialistas, e mais um tanto de dedicados colaboradores, foi finalizando página por página.

Às 22 hs a revista entrou em gráfica. Nessa noite, ninguém dormiu, com um misto de choque, de choro engolido, de ansiedade para saber se a revista estaria nas bancas na primeira hora possível, com a homenagem para aquele nosso ídolo idolatrado pelo público!

Dois dias depois, Roberto Civita, dono da Editora Abril, chamou a equipe da Grid e entregou uma camiseta para cada um, estampada com a capa daquele especial com Ayrton Senna. Deu os parabéns e falou que a “Edição histórica – A história de um mito” havia furado a revista Veja não só no prazo, pois saiu bem antes, como também em qualidade.

Guardei a camiseta durante muitos anos. Depois, já bem amarfanhada, acabei usando como pijama. Dormia com os anjos e com o Ayrton estampado.

Especial da Racing: três Capítulos sobre Ayrton

Agora, na próxima sexta, dia 1º de maio, temos a honra de relançar a edição especial de Ayrton Senna, desta vez pela revista Racing, publicada originalmente em 2013. Essa edição foi feita com primor pela equipe da Racing, com a mesma dedicação daquele fatídico ano de 1994, ilustrada com fotos escolhidas com calma, feitas pelos melhores fotógrafos do mundo.

Ao longo da próxima semana estaremos separando as histórias que irão rechear os três Capítulos deste especial sobre Ayrton Senna.

Você poderá desfrutar de cada um dos capítulos acessando as bancas digitais da GoRead (www.goread.com.br) ou da RevistariaS (www.revistarias.com.br). E relembrar de uma fase do automobilismo que nunca mais existiu, apesar de tantos pilotos maravilhosos que são produzidos até hoje, nesta incrível fábrica de talentos que tem o Brasil.

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