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Gastão Fráguas Filho, campeão mundial, novo homem do kart sul-americano

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  • Publicado: 05/03/2021
  • Atualizado: 06/03/2021 às 16:23
  • Por: Isabel Reis

Gastão Fráguas Filho, entre outras façanhas, foi Campeão Mundial de Kart FIA, em 1995. Nesta semana, tornou-se o homem da Confederação Brasileira de Automobilismo para a Comissão de Kart da CODASUR. O intuito dessa entidade é fortalecer o kart na América do Sul, o que também deverá refletir no crescimento da categoria no Brasil.

Em 2002, Gastão decidiu dar um novo rumo a sua carreira nas pistas, mas continuou no automobilismo como manager de dezenas de pilotos. Montou a empresa GP Management e, entre vários talentos, atendeu a Ruben Carrapatoso, também campeão mundial de kart em 1998. Atualmente, Gastão orienta pilotos como Matheus Ferreira (que corre de kart na Europa) e Caio Collet (que corre no Campeonato de Fórmula 3 da FIA). Além disso, está com a gestão da jovem Júlia Ayoub, que fez a seletiva da FIA com a Ferrari.

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Gastão Fráguas Filho tem a GP Management, que orienta a carreira de pilotos
Como a CODASUR ajuda o kart em toda a América do Sul? E como isso influência o kart no Brasil?

Gastão Fráguas Filho – Tudo foi muito recente. A nomeação aconteceu esta semana e só a partir de agora vou me inteirar dos procedimentos, para saber o que já está sendo feito. Hoje não consigo dar uma visão mais clara, pois está sendo uma transição. Mas, com certeza, teremos muitas ações para o kart, que vou contar muito em breve para os leitores da Racing.

Fale um pouco sobre a sua história. Foi campeão mundial de kart em 1995. O que essa experiência representou?

Gastão Fráguas Filho – Comecei a correr de kart no Brasil, aí tive a oportunidade de ir para a Europa, em 1995, onde as coisas aconteceram muito rápido. No primeiro grande campeonato que eu participei, a Copa do Mundo de Kart no Japão, eu já fui o terceiro colocado. E fui o segundo na primeira etapa do campeonato europeu de kart daquele ano. Como resultado do ano de 1995, fui vice-campeão europeu de kart FIA e, para fechar com chave de ouro, me sagrei Campeão Mundial de Kart FIA. Comecei a entrar em evidência. Foi uma época em que o Ayrton Senna tinha acabado de falecer (1994). Aí chega um brasileiro totalmente desconhecido e já ganha tantos pódios. Decidi continuar na categoria até 1997, depois fui para a Fórmula Renault. Acabei voltando ao Brasil com o estouro do câmbio, que causou certas dificuldades financeiras. Não tive condições de ficar por lá. Decidi fazer a Fórmula 3 Sul-americana, que para mim não foi um passo para trás. Na época, era uma categoria muito disputada e uma vitrine muito boa. Depois comecei a pensar para onde iria, porque os investimentos para correr no exterior estavam muito altos. Após muita reflexão, decidi parar.

O ano de 1995 foi incrível para Gastão, que venceu vários campeonatos e acabou ganhando o título de Campeão Mundial de Kart da FIA
Foi aí que você optou por ser um manager de pilotos?

Gastão Fráguas Filho – Sim, isso ocorreu em 2001. Encerrei a carreira como piloto, mas sabia que queria estar envolvido com o automobilismo. Resolvi usar toda a minha experiência, os meus relacionamentos, as minhas conexões, e comecei a ajudar jovens pilotos a trilhar o seu caminho. Percebi que faltou para a minha carreira ter um gestor profissional me conduzindo. Sem essa orientação, eu não soube aproveitar as oportunidades que haviam surgido. Naquela época, cheguei a ter uma entrada na equipe Williams F1. Mas não consegui dar sequencia, por inexperiência.

Quando você criou a sua empresa, a GP Management?

Gastão Fráguas Filho – Foi criada em 2002, com Ruben Carrapatoso como o primeiro cliente. Ele já tinha sido campeão mundial em 1998. Na verdade, juntamos forças: ele estava sem recursos e eu iniciando uma nova trajetória. Comecei a cuidar dele, conseguindo levá-lo para correr na Europa, de Fórmula Renault italiana e inglesa, Fórmula 3 e A1 GP. Desde então, cuidei de mais de 20 pilotos, com várias histórias e vários aprendizados.

Dois brasileiros campeões mundiais de kart: Ruben Carrapatoso e Gastão Fráguas Filho
Ainda há muita diferença técnica e de equipamento entre o kart europeu e o brasileiro? 

Gastão Fráguas Filho – Ainda existe, sim. O kart no Brasil, a grosso modo, tem equipamentos diferentes, como motores e pneus. Nas categorias do campeonato europeu, do WSK, usam motores Ok e OkJ. Mas eles já estão chegando ao Brasil e a tendência é que exista uma paridade de equipamentos. Estamos buscando o que existe de mais próximo possível do que tem lá na Europa, até para que possamos evoluir.

Ao longo dos anos, na sua avaliação, o que vem acontecendo com o kart no Brasil?

Gastão Fráguas Filho – Na minha visão, o automobilismo no Brasil mudou como um todo. Quando a gente fala dos anos 70, 80, 90, até 2000, o Brasil sempre esteve no auge. Muitos pilotos brasileiros estiveram na F1 durante todos esses anos e isso gerou um interesse muito grande. Só que, depois, a falta desses ídolos refletiu na prática, resultando em anos parados no tempo. O Brasil foi perdendo força no automobilismo também por outros motivos. Tudo isso afetou as categorias de fórmula, que foram acabando. O kart foi ficando com a falta de “olhos”, de quem tinha o envolvimento direto. Tudo na vida precisa de um trabalho muito sério, focado, intenso, caso contrário não vai para a frente. A gente ainda está pagando o preço do que aconteceu nestes últimos anos: do desinteresse e da falta de seriedade que foram manchando o nosso esporte, que afastaram os patrocinadores. Isso é uma cascata. Para recuperar leva tempo.

Gestor do piloto brasileiro Caio Collet, que atualmente corre no Campeonato de Fórmula 3 da FIA
A etapa do Mundial de Kart FIA no Brasil é importante como estímulo para o kart nacional?

Gastão Fráguas Filho – Com certeza é. Só que não adianta fazer um evento e depois parar. É preciso ter continuidade e trabalho. Com o que a CBA vem fazendo desde o presidente anterior, eu vejo algo bastante positivo. Essa nova gestão de agora está com excelentes ideias e projetos. Acredito muito na nova equipe, até porque se eu não acreditasse não me envolveria. Este é o momento de colocar boas soluções em prática e retomar o que já fomos um dia: um país referência no automobilismo mundial.

O Felipe Massa sendo o presidente da CIK FIA também é um alento para o nosso kart?

Gastão Fráguas Filho – Sim, esse é um momento que precisamos aproveitar. Ter o Campeonato Mundial de Kart FIA aqui é uma oportunidade única e aconteceu graças ao Felipe Massa ser o presidente da comissão internacional de kart (CIK FIA). Ele que fez todos os grandes esforços e a etapa acontecerá no Kartódromo Speedpark, em Birigui, SP. Imagine o trabalho que é trazer um campeonato mundial para o Brasil, hoje. É muito difícil. Só de termos obtido essa proeza, já é uma oportunidade única. Acredito que envolvendo toda a nova gestão da CBA, temos o momento certo para virar o jogo.

Gastão com a sua pupila, a piloto Júlia Ayoub, e o grande Felipe Massa
Com toda a sua experiência, que conselhos você dá ao kartista que está iniciando a carreira?

Gastão Fráguas Filho – O básico para ser vitorioso é querer seguir em frente. O piloto precisa ter essa vontade de querer, pra valer! Está chovendo? Pega o capacete e vai para a pista. Está com problema no kart? Fica até tarde da noite para conseguir a solução. O conselho é: sempre estar disposto a superar qualquer obstáculo para avançar na carreira. Porque o iniciante vai concorrer com outros pilotos de alto nível profissional, seja na Stock ou em categorias internacionais. Se ele quiser ter uma chance, a primeira coisa que precisa fazer é trabalhar e se dedicar.

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